Doutor Climax: quando o sexo ‘vira’ uma questão social

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Doutor Climax: quando o sexo ‘vira’ uma questão social

Estreou no dia 13 de junho na Netflix, o divertidíssimo e questionador seriado tailandês Doutor Clímax e quase ninguém falou a respeito, por quê?

Talvez por que o mundo está mais careta do que na Tailândia dos anos 70, época em que se passa a história do seriado?

Sim, com certeza! Naquela época, como o próprio protagonista, Dr.Nat, um médico dermatologista que também tratava doenças venéreas dizia, “eu imaginava que depois que a humanidade tivesse chegado a lua, seria a hora de se falar mais de sexo.”

Imagina agora então, com tanta tecnologia? Falar de sexo ficou tão comum, que perdeu até a graça, será, é o que parece?

Pois foi o ouro mais requintado que Doutor Clímax entregou a quem saiu da preguiça sobre o tema e foi lá assistir os 8 eletrizantes episódios da série que está no ar desde o dia 13 de junho na Netflix.

A história do médico que se torna colunista de um jornal respondendo as cartas de leitores com dúvidas sobre sexo pode até parecer batida pra você, mas aqui nesse roteiro ganhou nuances cada vez mais atuais, principalmente se formos comparar com a gente que faz isso até hoje, seja no portal, ou produzindo conteúdos para lojas e outras empresas do segmento.

Segundo um dos poucos jornais que se atreveu a comentar a série, o MetroWorld News do Reino Unido, e outros poucos sites especializados em streaming que foram buscar como fonte o Bangkok Post, o roteiro de Doutor Clímax foi inspirado em cartas reais endereçadas à coluna Sep Som Bo Mi Som, do Doctor Nopporn, que foi veiculada no Daily News, a mais importante sobre sexo na Tailândia na época representada pelo seriado.

Relembrando a potência dessas colunas para vender jornais e revistas, a Questão do Clímax, emerge nessa história não só como um conteúdo interessante, mas realça o papel da imprensa na educação sexual das massas. 

Se a família, a escola, a igreja e o poder público não falam sobre sexo, alguém tem que falar. E porque não um médico bem assessorado pela sedutora e independente chefe do departamento de arte do jornal que juntos criaram um canal de comunicação incrível com seus leitores? 

Isso deu muito certo pelo menos nos 5 primeiros episódios de Doutor Clímax que não perdoou quase nenhum dos personagens, mostrando a variedade de fetiches, orientações, expressões sexuais e outras curiosidades de suas vidas íntimas, não só dos mocinhos como também dos vilões, em cenas de tirar o fôlego e muita ação inspirada na linguagem cinematográfica e cômica dos próprios filmes emblemáticos da época em que se passa o seriado.

Para quem anda desanimado aí com sexo, eu ousaria até supor que os hormônios falarão mais alto em algumas dessas cenas, reacendendo aí o desejo debaixo do edredon. Usando a linha da sexualidade positiva de hoje, Doutor Clímax irá relembrar a você os seus bons momentos de descoberta na adolescência, suas borboletas no estômago quando se aventurou a experimentar novos prazeres e quando você provou de delícias eróticas inesquecíveis.

doutor-climax-netflix-1024x576-1 Doutor Climax: quando o sexo ‘vira’ uma questão social

Se por um lado, a vida do Dr Nat ganhou novas cores, sabores e desejos depois que começou finalmente a atender sua verdadeira vocação, a de escritor, com direito até de fantasiar como profissional um personagem enquanto responde as cartas de seus leitores, por outro, logo surgem os vilões da história, os guardiões da moral e dos bons costumes para acabar com a nossa diversão.

A silenciosa censura das redes sociais de hoje que está pautando nossa não-comunicação atual sobre sexo, tanto na grande mídia como em nossa intimidade, não difere da reação puritana barulhenta que aparece no seriado que se passa na década de 70, fundamentada na paradoxal prática protecionista e patriarcal, que alega que falar de sexo é perverter a população a atos libidinosos.

Eh…se você imaginou que a Tailândia era a terra do sexo, por causa da bolinhas tailandesas e dos famosos shows de pompoarismo, esqueça. Os diretores e a equipe de produção da série trabalharam duro para recriar uma Tailândia realista dos anos 1970. Eles conseguiram fazer isso recorrendo a memórias pessoais, bem como usando fotos antigas, entrevistas e filmes provenientes do Thai Film Archive. 

“Naquela época, o país tinha acabado de passar por uma turbulência política, ainda estava no meio da Guerra Fria, e outros eventos significativos estavam continuamente no ar”, disse Kongdej Jaturanrasmee, roteirista e diretor da série em entrevista ao MetroWorld. “As pessoas se sentiam constrangidas pelas normas sociais, mas, ao mesmo tempo, estavam se esforçando para se libertar e afirmar suas próprias liberdades.”

E é essa a grande sacada do fio condutor de todo o roteiro: como a falta de boas informações sobre sexo pode gerar grandes problemas não só ligados à saúde íntima e mental como também às questões políticas e sociais.

Em contraponto é emocionante de ver uma das leitoras agradecendo ao Doutor Clímax, usando as palavras que muitos de nós que trabalhamos com sexualidade já escutamos algumas vezes em nossa trajetória, de que depois dos conselhos, a vida dela tinha mudado completamente e como esse trabalho dele era importante para manter a família unida.

Como boa ficção que é, Doutor Clímax entretém e levanta alguns questionamentos com doses bem equilibradas de humor, romance e tragédia. Termina literalmente em seu momento clímax, com uma aparente promessa de uma segunda temporada que, espero, se aprofunde na resolução dos dramas que levantou, até mesmo apresentando quem sabe uma solução para nosso problema atual de silêncio sobre o sexo.

Em relação a atual censura das redes sociais, a gente sabe que com a tecnologia que temos hoje seria fácil acabar com a desculpa de não expor os menores a conteúdo adulto e resolver de vez o final dessa novela: primeiro, que as crianças precisam de mais brincadeiras longe das telas. Segundo: os “algoritmos” podem ser suficientemente inteligentes para filtrar o interesse pelo tema por parte das crianças, inclusive de conteúdo até mesmo não tão explícito como as dancinhas sensuais tão amplamente compartilhadas e replicadas nos aplicativos de vídeos curtos. Terceiro: já passou de hora do Brasil e do mundo implementar a educação sexual nas escolas. #ficadica

Minuto Clímax

Fazendo nossa parte para não deixar o papo sobre sexo morrer na sociedade, o Portal Mercadoerotico.org aproveitará o mês de julho que tem o Dia do Orgasmo para lançar uma série de reels com os lojistas do Guia de Sex Shop.

Atendendo ao nosso desafio, eles estão produzindo vídeos com dicas para atingir o orgasmo utilizando produtos, técnicas, diferentes posições e outras informações importantes, que pelo jeito, você só continuará mesmo vendo por aqui.

Nós também te pedimos, caro leitor, que além de assistir Doutor Clímax, curta e compartilhe a nossa série Minuto Clímax que será postada no instagram @mercadoerotico para ajudar a informar mais pessoas sobre o rico universo de poder e de prazer que é o corpo humano.

Afinal, como o próprio Doutor Clímax diz em um dos episódios ao responder à carta de uma de suas leitoras:  “sexo não é diferente de temperar comida, você deve saber como realçar o sabor, para satisfazer o seu próprio paladar”.

Relações Públicas, atuante em assessoria de imprensa e gestão de conteúdo para internet. Pós graduada em Educação Sexual pelo ISEXP – Instituto Brasileiro de Sexualidade e Medicina Psicossomática da Faculdade de Medicina do ABC, atendeu a várias empresas e profissionais do ramo erótico de 2002 até atualidade, estando inclusive a frente da sala de imprensa da Erótika Fair de 2002 a 2010. Também é certificada em Inbound Marketing pelo HubSopt Academy.

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