Atualizado em junho, o CID-11, a Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde traz a partir de agora, o vício em sexo como um distúrbio de saúde mental
O CID-11 traz agora como definição para o comportamento sexual compulsivo como um “padrão persistente de falha no controle de impulsos sexuais repetitivos e intensos ou impulsos que resultam em comportamento sexual repetitivo”.
Portanto, o vício em sexo só pode ser classificado por profissionais de saúde como um distúrbio mental quando a atividade sexual do paciente se torna um “foco central da vida da pessoa a ponto de negligenciar a saúde e os cuidados pessoais ou outros interesses, atividades e responsabilidades”.
Um outro sintoma a ser reconhecido é se houve tentativas mal sucedidas e sucessivas do portador desse distúrbio de resistência ao vício. E se ele já tem esse comportamento de forma persistente por mais de seis meses consecutivos.
Pessoas viciadas em sexo podem nem sentir prazer com a atividade sexual repetida.
Cientistas e terapeutas comemoram
Apesar de haver discordâncias sobre tal decisão, o meio acadêmico em geral está com esperanças, já que as pesquisas são limitadas pela inconsistência na definição do que é transtorno de comportamento sexual compulsivo.
“Por séculos, as pessoas têm tentado entender qual é a causa da hipersexualidade. Mas foi apenas nos últimos 40 anos que tentamos entendê-la a partir de ponto de vista acadêmico. Nossa missão é ajudar a pessoa compulsiva por sexo, e agora temos a linguagem para dar a essa pessoa uma melhor compreensão do que é isso, e é absolutamente crítico ter uma linguagem comum para que os cientistas possam entender melhor isso também” disse o Dr. Timothy Fong , professor clínico de psiquiatria do Instituto Semel de Neurociência e Comportamento Humano da Universidade da Califórnia, em Los Angeles em entrevista a CNN.
Para Robert Weiss, especialista em vício e autor de “Sex Addiction 101” e “Always Turned On”, “é realmente importante ter um diagnóstico, especialmente com questões sexuais. Isso nos permite articular melhor quem tem um problema e quem não tem”.
Como é o tratamento de vício em sexo?
O tratamento de compulsão sexual pode incluir psicoterapia tradicional, e existem grupos de apoio como Viciados em Sexo Anônimos. Alguns médicos prescrevem medicamentos como antidepressivos e estabilizadores de humor.
Normalmente, pessoas com vícios de sexo que procuram tratamento só recebem cobertura de planos de saúde se forem diagnosticadas com um distúrbio de saúde mental, como ansiedade ou depressão.
Com essa nova classificação, os terapeutas esperam que isso possa mudar, facilitando o acesso público e subvencionado dos planos ao tratamento mais específico para a compulsão sexual.
Viciados em sexo podem cometer crimes sexuais?
Esse é um outro estigma que essa nova classificação irá quebrar, já que ” a maioria dos criminosos sexuais não atende aos requerimentos clínicos para vício em sexo e, inversamente, a maioria dos viciados em sexo nunca comete uma ofensa sexual”, disse Milton Magness, terapeuta sexual e diretor de um serviço de aconselhamento em Houston, em entrevista ao USA Today.
Em geral, os criminosos sexuais não tem consciência de que precisam parar. Já os viciados em sexo, pela nova classificação da OMS, procuram conter, diminuir ou tratar a sua compulsão, muitas vezes sem sucesso, até encontrarem a ajuda especializada.
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