Estudos apontam que 82% das mulheres sofrem com alguma disfunção (problema) sexual. E dessas, a maior sofre com a anorgasmia (ausência de orgasmo), enquanto outra parcela sofre com baixa libido e falta de prazer nas relações sexuais.
Então esse é um fato muito comum, que precisa ser reavaliado pela própria mulher, principalmente pela facilidade de acesso à informações de qualidade e facilidade de consulta com profissional especializado no assunto.
Antigamente, isso era aceito como normal ou sinal de puritanismo, como pregava a era vitoriana. Um sinal de uma mulher não pecaminosa.
Hoje em dia, os Direitos Sexuais estão ai para mostrar que as mulheres podem, merecem e devem sentir prazer na relação sexual e ter orgasmos também.
Atuo no mercado há 18 anos, e em todo esse tempo percebi que quase 95% das mulheres não se masturbam, independentemente da idade ou situação escolar ou social.
O que impede as mulheres de se masturbarem é a religião e a criação castradora, onde as regras giram em torno da vagina ser suja, feia, fedida, pecaminosa, deve ser escondida, fechada, não pode colocar a mão nem olhar.
Essa educação ainda é agravada pelo fato de a vulva/vagina ter uma parte interna e de difícil acesso às inexperientes. Muitas até chegaram a tentar masturbação do clitóris, mas logo desistiram por se lembrarem desse moralismo onde foram criadas. E nem chegaram a pensar em masturbação interna (ponto G) por terem medo de ficarem doentes ou pegarem alguma infecção.
No caso do homem, além do órgão sexual ser externo e de fácil acesso, ainda são incentivados não só à masturbação mas ao sexo precoce e variado. Enquanto as mulheres têm que casar virgem.
Recentemente fiz esse levantamento para meu TCC, cujo tema foi “ABORDAGENS TERAPÊUTICAS NAS DISFUNÇÕES SEXUAIS FEMININAS DE TRANSTORNO DO ORGASMO“, e constatei que a anorgasmia (ausência de orgasmo) feminina pode acontecer por uma série de fatores tanto físicos quanto psicológicos, sociais e relacionais também.
Como fatores físicos, posso citar os problemas de fraqueza dos músculos do assoalho pélvico (que pode ser resolvido com exercícios de musculação vaginal ou pompoarismo), problemas de saúde como menopausa, colesterol alto, hipertensão, cardiopatias, diabetes, hiper ou o hipotiroidismo, aterosclerose, desequilíbrio da testosterona, tabagismo e uso de bebidas alcoólicas.
Problemas de saúde genital feminina, como incontinência urinária, cistite, vulvovaginite, infecção urinária, endometriose e cirurgias ginecológicas também podem comprometer física e psicologicamente a mulher e sua capacidade de ter orgasmos.
Isso também acontece com uso de medicamentos, pois mulheres que usam antidepressivos, ansiolíticos, anti-hipertensivos e drogas quimioterápicas sempre relatam diminuição do desejo sexual, da excitação e dificuldade em atingir o orgasmo. O mesmo vale para o uso de anticoncepcionais.
Como fatores psicológicos, posso citar o estresse, cansaço psicológico, depressão, ansiedade, síndrome do pânico, estresse pós-traumático, preocupação com gravidez, dentre outros, pois todos esses estados interferem na anorgasmia.
As situações de tensão no trabalho ou em casa podem apresentar um impacto negativo, de modo que, uma experiência sexual negativa e traumas que podem ser gerados por violência sexual, causem esse transtorno.
Posso citar como influencias sociais e culturais, a religião e a criação severa e castradora. E muitas dificuldades com o orgasmo também podem surgir de fatores como as mudanças nas expectativas sexuais, liberação sexual feminina validada na contemporaneidade e informações veiculadas exaustivamente pela mídia acerca do tema da obrigatoriedade do orgasmo, principalmente do orgasmo múltiplo e orgasmo simultâneo.
Já como fatores relacionais que podem estar intimamente relacionados aos transtornos do orgasmo, temos as mulheres que vivenciam problemas conjugais, conflitos interpessoais, relacionamentos longos e desmotivados. A falta de habilidade sexual do parceiro e queixas quando sentem que o sexo vira obrigação ou se sentem objetos.
Como percebem o sexo de forma institucionalizada no casamento, elas têm medo de perder o parceiro se não responderem a este.
Em vários artigos, Carmita Adbo (um dos maiores nomes dessa área no Brasil), afirma que o fato de não conhecer o próprio corpo e a sexualidade, não gostar e não aceitar o próprio corpo, sentir-se feia, pouco atraente, ter baixa autoestima, podem desencadear sérios distúrbios emocionais, causando alterações da resposta sexual feminina.
Com isso, a gente percebe que a autoestima é fundamental quando se fala em orgasmo feminino, pois ela pode tanto levar às disfunções quanto ser resultado destas.
Agora que você já conhece algumas coisas que podem interferir negativamente no seu prazer, está na hora de arregaçar as mandas e lutar por seus direitos.
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