O verdadeiro escândalo sempre foi o preconceito, nunca o amor!

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O verdadeiro escândalo sempre foi o preconceito, nunca o amor!

Por Karina Brum

Estamos no mês de junho, onde celebramos o “direito de amar” pessoas. E quando eu falo, me sinto estranha por construir essa frase: direito de amar pessoas. 

Em um mundo ideal, o amor deveria ser natural, recíproco e livre, que acolhe, constrói e oferece segurança. Mas o que vivemos atualmente é algo que causa revolta, tristeza e medo. O preconceito é uma das armas mais letais da nossa cultura e por isso se tornou um ato de coragem, de resistência, de luta. 

Ainda desejo que todos devessem ter acesso ao amor, a amar e a ser amado, sem se preocupar com julgamento ou aprovação social.  É do amor que nascem as conexões humanas, do desejo de compartilhar a vida, do encontro entre histórias e corpos. E é realmente entristecedor saber que, quando esse amor acontece entre pessoas do mesmo gênero, logo ouvimos falas maldosas, cheias de dor e rejeição.

O preconceito vem disfarçado de “opinião” ou “moral” ou como “valores de família” – e dentro dessa perspectiva, se torna ferramenta de exclusão. Imagino o quanto deva ser amedrontador amar e se sentir na mesma intensidade, medo de viver esse afeto tão valioso.

Peço que por alguns momentos, reflitam no seguinte cenário: 1 casal heteronormativo, andando de mãos dadas no parque, sorridente e afetuosos. A 1ª impressão que fica é: “nossa que casal lindo”.  Agora, imagine 1 casal homoafetivo, andando de mãos dadas nesse mesmo parque, felizes e cheios de afeto. A 1ª impressão que fica é: “nossa, que desperdício”. 

Pessoas da população LGBTQIA+ evitam andar de mãos dadas em público, evitam demonstrar afeto. É mais seguro, esconder e mentir sentimentos – inclusive, da nossa própria família, para não sofrerem violência física, emocional, patrimonial.  Esse impacto traz tanta dor, que se torna impossível não lutar por essa parcela de pessoas, que como eu, buscam ser felizes. 

Por toda essa demanda, amar é um ato político e revolucionário. E entendo que amar mesmo diante do ódio, é afirmar que a dignidade humana está acima do preconceito. Percebo que o amor cria espaços de cura, cura feridas, constrói vínculos e dissolve a vergonha que aprendemos socialmente, principalmente, dentro de nossos próprios lares. Olhar diretamente nos olhos da rejeição e dizer: “Seu preconceito não me impedirá de ser feliz.” Enquanto o preconceito separa, o amor aproxima. Enquanto o preconceito nega, o amor afirma. Enquanto o preconceito adoece, o amor acolhe, escuta e transforma.

Desejo um mundo, mais do que nunca, que o amor seja a resposta ao preconceito, ao ódio, ao julgamento de valores.

E a famosa frase, no final das contas, o verdadeiro escândalo nunca foi o amor — sempre foi o preconceito.

Tenha em mim, um espaço seguro de escuta e acolhimento.

Karina Brum é psicóloga e sexóloga. E tem como propósito desmistificar tabus, preconceitos socioculturais e crenças limitantes, oferecendo ferramentas que libertem a pessoa para seguir sua vida de forma singular. Além de falar sobre as demandas sexuais e da sexualidade humana, de forma divertida, científica, às vezes meio irônica, porém sempre muito sensata.

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