Influenciadores sem formação não poderão mais falar sobre saúde sexual

Influenciadores sem formação não poderão mais falar sobre saúde sexual

O crescimento acelerado dos influenciadores digitais transformou as redes sociais em uma das principais fontes de informação sobre saúde, bem-estar e sexualidade. Dicas sobre anticoncepção, hormônios, desempenho sexual, uso de medicamentos e prevenção de infecções sexualmente transmissíveis circulam diariamente para milhões de pessoas. Esse cenário, porém, passou a preocupar o Congresso Nacional.

Está em tramitação na Câmara dos Deputados um projeto de lei que propõe restringir a atuação de influenciadores em temas que exigem conhecimento técnico, incluindo assuntos ligados à saúde. A ideia central é simples e direta: quem fala de saúde precisa ter formação ou qualificação comprovada — e isso deve ficar claro para o público.

Saúde sexual no centro do debate

A saúde sexual aparece como um dos pontos mais sensíveis dessa discussão. Diferentemente de temas opinativos, ela envolve aspectos médicos, psicológicos e farmacológicos, além de impactos diretos na saúde pública. Informações equivocadas sobre métodos contraceptivos, uso de hormônios ou tratamentos “alternativos” podem levar a decisões arriscadas, abandono de cuidados preventivos e até agravamento de quadros clínicos.

Nos últimos anos, profissionais da área têm alertado para a banalização de orientações técnicas disfarçadas de “relatos pessoais” ou “dicas naturais”. Quando esse tipo de conteúdo é apresentado sem contexto científico ou respaldo profissional, o risco deixa de ser individual e passa a ser coletivo.

Alcance não substitui qualificação

A proposta em análise no Congresso reforça um ponto-chave do debate contemporâneo: popularidade não equivale a competência técnica. Ter milhões de seguidores não habilita ninguém a orientar sobre uso de medicamentos, terapias, diagnósticos ou condutas relacionadas à saúde sexual.

O texto legislativo não impede o debate público nem a educação sexual, mas estabelece um limite claro entre informar e prescrever, entre opinar e orientar tecnicamente. A intenção é proteger o público de conteúdos que, mesmo bem-intencionados, podem causar danos reais.

Um recado direto ao mercado digital

Caso avance, a proposta poderá mudar a forma como influenciadores abordam temas sensíveis nas redes sociais, especialmente aqueles ligados ao corpo, à sexualidade e à saúde íntima. O recado é inequívoco: falar de saúde envolve responsabilidade social.

Para o público, o debate também funciona como alerta. Em tempos de algoritmos e viralização, torna-se cada vez mais necessário questionar a origem das informações e lembrar que, quando o assunto é saúde sexual, orientação segura não pode ser baseada apenas em likes, experiências pessoais ou tendências digitais.

Referência legislativa:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2589028

Publicitária, consultora e especialista no Mercado Erótico, escritora e empresária. Atua no setor erótico brasileiro desde o ano 2000. Presidente da ABIPEA – Associação Brasileira da Indústria e Profissionais do Entretenimento Adulto, é autora de 28 livros de negócios e sobre produtos eróticos para consumidores. Entre 2010 e 2017, presidiu a ABEME – Associação Brasileira de Empresas do Mercado Erótico.Citada em mais de 100 teses universitárias e livros de sexualidade, desenvolve e projeta produtos eróticos e cosméticos sensuais para os maiores players do mercado. Criadora, em 2006, do primeiro seminário de palestras para empresários do setor, é apoiadora e presença constante nos mais importantes eventos eróticos do mundo.Idealizou o Prêmio Mercado Erótico, que desde 2016 reconhece empresas, inovações, produtos e iniciativas que impulsionam o desenvolvimento da indústria. É fundadora e coautora do portal MercadoErótico.org.

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