Muitas pessoas, até próximas nos perguntam (ou perguntam para si mesmas), porque adotamos o panteão yorubá para nossa vida pessoal, profissional, espiritual e religiosa.
Claro que essa pergunta é motivada pelo fato dos Orixás serem mitos de origem africana, retratados de forma exótica, geralmente seminus e com a pele escura (ou seja, em geral, a motivação é o pré-conceito e o desconhecimento).
Nossa resposta é bem pontual: os orixás são mitos/arquétipos que representam em suas lendas todos os tipos de pessoas e personalidades, ensinando o lado “sol” e lado “sombra” que cada característica traz consigo, simbolizados, por exemplo pela dualidade persistência e teimosia de Oxalá, combatividade e ira de Ogum, sedução e manipulação de Oxum e assim por diante…
Na área da sexualidade, os mitos estão cheios de casamentos, relacionamentos extraconjugais, bissexualidade e homossexualidade, mostrando que nossa sexualidade individual encontra eco nos mitos e portanto, todos podemos encontrar arquétipos com os quais podemos nos identificar.
Você não precisa passar a cultuar os orixás de forma religiosa para se identificar e se conhecer melhor, porque como mitos, suas histórias e singularidades estão disponíveis, basta respeito e seriedade.
Existem muitas interpretações sobre suas características e histórias, principalmente no âmbito religioso, mas nossa intenção aqui é dar um exemplo-referência, principalmente em relação à sexualidade.
Quer conhecer um pouco mais?
– Exu é o mensageiro entre os homens e os demais orixás e não tem nada a ver com o demônio cristão (não confundir também com exus que trabalham em terreiros, que por sua vez, NÃO são trevosos e espíritos “sem luz”)… Representado por grandes falos, também chamados “ogós”, Exu simboliza o movimento, o perder a seriedade e encarar a vida de forma mais divertida, incluindo a própria sexualidade, por isso, podemos entender esse mito como aquela divindade que coloca um espelho à sua frente para você encarar sua verdadeira face (e se conseguir rir dela, melhor ainda!).
– Bombogira (também não confundir com entidades, que por sua vez, NÃO são prostitutas…), é aquela que, depois de encarar de frente quem você é, vai te ajudar a reconhecer seus desejos e aconselhar a melhor forma de assumí-los e expressá-los adequadamente.
– Ogum é o orixá guerreiro e disciplinado, que adora as festas compartilhadas com os (poucos) amigos sinceros e dividido entre a sedução de Oxum e a coragem de Yansã.
– Oxum é considerada a mais bela entre as orixás femininas, sedutora e amorosa, tem uma queda por Ogum e Xangô, mas estende a sedução por quase todos que passam por seus mitos, inclusive Yansã.
– Yansã, que foi seduzida por Oxum, é considerada a mais namoradeira entre as orixás femininas, alguns mitos contam que ela namorou com praticamente todos os orixás masculinos. Valoriza a liberdade, a alegria e a coragem, também é guerreira e, em meio aos seus namoros, casa com Ogum e depois foge com Xangô.
– Xangô é o símbolo do magnetismo masculino, adora boa comida, boa bebida, fartura de vida, de sexo e casa-se, ao mesmo tempo, com Obá, Oxum e Yansã.
– Oxalá é o orixá da fé e da vitalidade e se divide entre duas esposas, Nanã, que é a calma e sabedoria e Yemanjá, que é a mãe de formas arredondadas e seios fartos.
– Yemanjá é a orixá mais ligada ao arquétipo da Grande Mãe, mas nem por isso deixa de ter orgulho de suas formas e de exibí-las com orgulho e vaidade, assumindo sua sexualidade.
– Obá é uma orixá muito combativa e gosta de sexo com uma “pegada” mais intensa. Um de seus mitos conta que ela prometeu perder a virgindade com o orixá masculino que ganhasse dela em um combate (e Ogum ganhou)…
– Oxossi é o orixá masculino que simboliza a comunicação e a persuasão, namora rapidamente com Yansã e é seduzido por uma poção de Ossãe, com quem acaba morando.
– Ossãe é o orixá masculino que representa a seiva das plantas e por ser um grande conhecedor de suas propriedades, seduz e conquista Oxossi.
– Oxumaré é o orixá com características femininas 6 meses no ano e masculinas nos outros 6 meses, simbolizado pela cobra e pelo arco-íris, lida muito bem com sua sexualidade sazonal.
Viu quanta riqueza e diversidade? E esses são apenas alguns dos orixás…
E o melhor de tudo, você pode admirar e se identificar com muitos deles ao mesmo tempo ou com alguns ao longo de sua vida, aprendendo que pode ser feliz e expressar sua sexualidade sem culpa, pois os mitos nos ajudam a compreender melhor a nós mesmos e ao mundo à nossa volta.
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