Por Karina Brum*
Mentir pode até parecer proteção e vem disfarçada nos pensamentos: “não quero magoar”, “é só um detalhe”, “melhor assim do que brigar”. Mas, a realidade comprova que toda mentira dentro de uma relação funciona como rachadura no pilar base do casal: a confiança. Quando mentimos nascem três processos psicológicos:
O vínculo de confiança se fragiliza
Mesmo que o outro não descubra imediatamente, quem mente começa a conviver com medo: ser desmascarado, ser julgado, perder o controle da narrativa. Esse medo corrói a espontaneidade e alimenta o distanciamento emocional.
A culpa vira zumbido frequente
Para mentir, o cérebro consome muito mais energia devido ao esforço psíquico de ter que lembrar o que foi dito para manter a coerência e sustentar o personagem. Isso a longo prazo, gera ansiedade, ativa os mecanismos de defesa “viver em modo de alerta”. Aqui começa a surgir doenças, que passam da mente para se manifestar no corpo.
A intimidade perde dignidade
A base da intimidade é poder ser visto como se é, e não ter medo de mostrar o que temos por dentro. Na mentira, instala-se uma versão editada da pessoa, e o amor não cresce no campo do disfarce.
Acredito que a pessoa que mente, invalida e subestima a parceria, pois elabora pensamentos adoecidos como se o outro não suportasse a verdade ou o conflito ou o diálogo. Isso apenas diminui a parceria e infantiliza a relação.
Quando sustentamos a mentira, a desconfiança fica crônica, surge a insegurança afetiva, fortalecemos o medo da vulnerabilidade, temos dificuldade de entrega e desgastamos a autoestima (em quem mente e em quem é enganado). E quando a verdade aparece — e sim, cedo ou tarde ela aparecerá — a dor não está apenas no fato em si, mas por toda sensação de ter sido enganada (o), desconsiderado e manipulado.
Relacionamentos saudáveis não exigem perfeição — mas necessitam de maturidade, honestidade, diálogo gentil e empatia. Para se relacionar, os envolvidos precisam aprender a cuidar sem se esconder, a conversar sem ferir, a solucionar problemas ou embates com compaixão, segurança e respeito.












