A questão da educação sexual na adolescência parece se tornar mais complexa a cada dia. Se antes o desafio era romper o silêncio, hoje, em um mundo de informação irrestrita, a tarefa é encontrar o tom e o tempo certos para cada conversa. É um cenário que desafia os pais de uma forma completamente nova.
Dentro deste turbilhão de dúvidas, uma pergunta específica ganhou os holofotes e provoca uma reflexão profunda: qual é o papel dos pais quando o assunto são brinquedos sexuais na adolescência?
A discussão pública sobre isso se intensificou no Brasil a partir de dois casos que, embora pareçam diferentes, tocam no mesmo ponto sensível.
O primeiro foi quando a atriz Cláudia Raia contou ter presenteado sua filha, Sophia, com um vibrador aos 17 anos. A intenção, segundo ela, foi nobre: “abrir a cabeça”, promover o autoconhecimento e mostrar que o prazer feminino é uma fonte de poder, algo que não depende de outra pessoa. A atitude foi defendida como um ato de educação e modernidade. Mas a revelação nos faz questionar: ao fazer isso com uma filha menor de idade, onde se traça a linha entre educar e induzir? Entre empoderar e talvez acelerar um processo que deveria ser uma descoberta íntima?
O segundo caso, que expõe uma outra face do mesmo dilema, foi a discussão levantada pelo youtuber Felca sobre a “adultização precoce” nas redes sociais. Ele mostrou de forma contundente como canais de crianças e adolescentes usavam uma estética hipersexualizada — nas roupas, nas poses, na linguagem — para gerar engajamento. A denúncia dele foi tão impactante que várias plataformas baniram esses canais, mas o alerta ficou: muitas vezes, são os próprios pais que incentivam ou produzem esse conteúdo, trocando a infância dos filhos por visibilidade e dinheiro.
Para mim, o paralelo entre a atitude de Cláudia Raia e o fenômeno denunciado por Felca é claro. Ambos, em suas essências, falam sobre a intervenção de adultos ao apresentar um universo adulto para jovens antes da hora.
A questão não é o vibrador ou o YouTube. A questão é o papel dos pais nessa equação. A intenção pode ser a melhor do mundo — o empoderamento da filha, o sucesso do filho —, mas o resultado não pode ser uma adultização forçada, que pula etapas cruciais do desenvolvimento.
O que os especialistas dizem para nos ajudar a pensar?
Quando busco respostas na psicologia e na sexologia, percebo que esse conflito é o centro do debate profissional.
- De um lado, a educação sexual positiva defende que a conversa aberta é a melhor prevenção. A masturbação é vista como natural, e o autoconhecimento, como saudável. Falar sobre brinquedos seguros, nessa perspectiva, é uma forma de redução de danos, evitando que o adolescente use objetos perigosos ou busque respostas em fontes tóxicas, como a pornografia. O tabu, aqui, é o grande inimigo.
- Do outro lado, os psicólogos do desenvolvimento pedem cautela. Eles lembram que a sexualidade na adolescência é sobre identidade, afeto e intimidade, não apenas sobre prazer físico. Uma intervenção proativa dos pais, como dar um presente de conotação sexual, pode focar excessivamente no ato em si, atropelando a maturidade emocional. O consenso nessa linha de pensamento é que a demanda deve partir do jovem. O papel dos pais seria o de ser um porto seguro para quando as dúvidas surgirem, e não o de serem o motor que acelera as experiências.
Uma Reflexão Final
Essa análise aprofundada reforça uma convicção que aplico tanto na vida quanto nos negócios: a de que é preciso respeitar o tempo de cada descoberta. A maioridade surge, então, como um marco essencial. Para mim, como empresária, seguir este princípio não é apenas uma questão de valores, mas também uma diretriz que oferece segurança e legitimidade ao meu trabalho.
E você, qual a sua opinião sobre esse debate tão delicado? Vá até o post desta matéria no nosso perfil @mercadoerotico e conte para a gente o que você pensa!