O orgasmo é uma reação natural do corpo humano? Sim, é. Então porque tem gente que não tem? Muitos são os caminhos do prazer e você pode aprender em casa do seu celular, notebook ou smart tv. Masters of Sex é um seriado que conta a história de Willian Masters e Virginia Johnson, os pioneiros na terapia sexual.
Desde 2014 não assisto mais TV. Na verdade, eu nunca comprei uma TV. As pessoas sempre me davam uma de presente porque me diziam que eu tinha quer assistir televisão.
Aos poucos elas foram desistindo. Por isso nem me liguei que esse seriado poderia ter sido exibido pela Globo (fato que até agora não sei).
Meu negócio sempre foi a internet desde que eu a conheci. Assisto tudo em streaming e as encomendas de review de seriado nem sempre me contam onde achá-los.
Demorei a achar e assistir a Masters of Sex. Mas tá lá na GloboPlay até hoje. Quem é assinante pode ver as 3 primeiras temporadas, mas a última, só no ShowTime mesmo.
Mas dei meus pulos e não só vi toda a série, como também comprei o livro que deu origem a série. Porque eu me apaixonei pela dramaturgia e quis entender até onde era vida real e até onde era fantasia.
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Muita ousadia de todos os lados
A começar pela abertura do seriado que foi o que chamou a atenção da Paula Aguiar quando me passou o link de uma blogueira comentando sobre o assunto:
Se tem uma coisa que me encanta é a intensidade que as pessoas depositam em seus projetos. Eu já sabia da existência do casal Masters & Johnson da literatura que todo estudante de sexologia encara em pós graduação.
Eles, assim como o Kinsey são citados sempre como pioneiros e desbravadores. Mas com a pecha de terem descambado como observadores participantes de suas pesquisas.
Já na época em que me formei em Educação Sexual, eu achava esse julgamento um pouco exagerado. Eu sempre pensei assim: “mas como os caras descobririam tanta coisa sobre sexo se eles não se colocassem como cobaias de seus próprios estudos?”
A gente tem que lembrar que, no início dos estudos de sexualidade não existia nenhuma informação. Não tinha internet. E havia muita repressão.
Portanto: a minha primeira paixão por Masters Of Sex é que ele mostra muita coisa mesmo, tem muita cena de sexo sim, inclusive entre os pesquisadores. E eu achei que esse recurso foi muito bem utilizado pelos roteiristas.
Dá pra gozar assistindo?
Dá, se você for amante da sexologia e da dramaturgia que nem eu. Aviso de antemão que não é pornografia. Nem soft e nem hard. Tá mais pra um drama romântico. E é muito envolvente.
Eu gozei como pesquisadora e estudiosa do assunto, porque é muito didático e real. Claro que não pode ser completamente terapêutico. Mas mostra como a terapia sexual nasceu e como ela funciona.
Explica de forma muito clara como a resposta sexual humana se desenvolve. Esse é o primeiro estudo de Masters e Johnson que na série é exibido misturado com a vida cotidiana dos pesquisadores.
Isso causa empatia no público. Seduz, quebra o gelo e esclarece. Gera curiosidade e coragem para procurar ajuda na vida real. E se é exibido na Tv aberta então… Pronto, gozei múltiplos orgasmos, se você quer saber!
Mas é sexo ou pesquisa? É os dois de mãos dadas e pernas entrelaçadas.
Willian Masters e Virgínia Johnson, diferente do Kinsey foram além das entrevistas e formulários.
Ele, médico ginecologista e ela, a princípio, apenas uma assistente de pesquisa, assistiram e supervisionaram mais de 10000 relações sexuais. Foram 11 anos de estudo para lançar seu primeiro livro Human Sexual Response (A Resposta Sexual Humana).
Publicado em 1966, nos Estados Unidos, reuniu o resultado de investigações laboratoriais das reações fisiológicas e anatômicas de 694 voluntários (312 homens e 382 mulheres).
A série mostra o caminho natural que a pesquisa seguiu. Ao se revelarem descobridores da resposta sexual humana, a dupla também começa atender pessoas com disfunções sexuais.
O segundo relatório, Human Sexual Inadequacy (A Inadequação Sexual Humana), já foi resultado desses trabalhos clínicos.
Publicado em 1970, 11 anos após a criação, em 1959, de um programa de pesquisa clínica especializada no tratamento de disfunções sexuais, se baseou no atendimento terapêutico de 790 pacientes da dupla.
E nem é só sexo também é mudança de paradigma
Tirando o horror que muitos profissionais da sexologia na atualidade tem dos métodos agora vistos como primitivos dessa dupla, a pesquisa de Masters e Johnson mudou o paradigma da sexualidade.
O livro que deu origem a série creditou esse feito muito mais à Virgínia do que Willians. Fato que só conseguiríamos ver por completo, se houvesse o desfecho de uma quinta temporada que foi cancelada. ( Aí, já viu, broxei com essa notícia, mas a vida continua).
Willians (interpretado por Michael Sheen) e Virginia (Lizzy Caplan) são como o Ying e Yang. Ele, muito fechado, muito metódico e com problemas sobre sua paternidade e vida amorosa era o oposto dela sempre muito ativa, corajosa, independente pros padrões femininos de sua época.
Na série, os roteiristas trabalharam muito bem essas características dando força aos insights mais femininos de Virginia para as investigações da pesquisa.
Nas quatro temporadas é notório como o trabalho da dupla vai ajudando no movimento de independência feminina ao desmistificar o prazer feminino. Visão compartilhada por alguns críticos e pelo próprio biógrafo do casal.
O que você vai ver em Master of Sex (sem spoilers ou quase):
- O desenvolvimento da pesquisa que investigou a resposta sexual humana em laboratório. Willians desenvolveu um dildo com sensores e câmera para uma observação mais profunda. Virgínia aprimorou os questionários para as entrevistas.
- Personagens e até mesmo os protagonistas enfrentando disfunções sexuais e dilemas que rondam taras e orientação sexual. Na série, o próprio Willians fica temporariamente impotente e, junto com Virginia, criam um protocolo de tratamento para isso.
- Jogos eróticos picantes entre os pesquisadores ( que até então não sabemos se é obra dos roteiristas inspirados nos protocolos da terapia sexual ou se realmente aconteceu daquela forma).
- Uma reconciliação fantástica e emocionante dentro da Mansão Playboy. Com uma “ação facilitadora brilhante” de Hugh Hefner.
- O andar histórico da pesquisa que começa na década de 40 a avança até o final da década de 70. Bem como os desafios que os dois encontraram para prosseguir no trabalho e na vida íntima.
Acho que vou parar por aqui senão eu vou contar tudo e perde a graça. Masters of Sex foi criada para seduzir os espectadores da mesma forma como é o sexo. Muito mistério e timidez no começo, com momento de entrega no meio, tórridas paixões e desejo intenso no auge, satisfação e obsessão se alternando com insegurança, ansiedade e melancolia no quase final. (Até porque o final dessa história só tá mesmo no livro que originou a série).
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