Dezembrite é um termo habitualmente utilizado para designar os sentimentos, nem sempre positivos, que as festividades de fim de ano geram nas pessoas. Com a rotina de reencontros, revisão de metas e a aproximação do início de um novo ano, pessoas que sofrem de depressão, transtornos de ansiedade e afins podem se sentir afetadas negativamente por toda essa movimentação. Maia Neto, coordenador do curso de Psicologia do Centro Universitário Fametro (Unifametro), explica as razões desse sofrimento e o que fazer para aliviá-los.
De acordo com Maia, o final de ano está repleto de simbologias e festividades que levam as pessoas a refletirem sobre fechamentos de ciclos. Muitas delas também se deparam com metas que foram estabelecidas e não cumpridas, o que acaba por trazer sentimentos de frustração e fracasso. Por outro lado, a sociedade divulga amplamente a ideia do “espírito natalino”, no qual a felicidade e a harmonia imperam.
“Ocorre que nem todas as pessoas vivem esse contexto natalino de bem-estar e/ou mesmo estão nesse contexto de felicidade, o que contribui para a construção de um sentimento de inadequação. Diante desse contexto, é comum o relato de pessoas que se sentem ansiosas e tristes, exatamente por não se perceberem alinhadas ao que a sociedade divulga como sendo o correto e esperado para esse período”, explica o psicólogo.
Para o especialista, o acompanhamento psicoterapêutico contribui para que os indivíduos passem por esse período com maior facilidade, na medida em que auxilia nos pensamentos mais assertivos. “É preciso compreender que cada pessoa segue o seu próprio fluxo de tempo e também que algumas metas não dependem exclusivamente de nós. Aceitar que alguns processos não ocorrem da forma como prevemos, mas que isso não deve significar fracasso”, pontua.
Aproveitar o período de final de ano para reavaliar algumas atitudes e redirecionar metas é importante. Porém, segundo Maia, também é necessário ter um cuidado a mais ao estabelecer objetivos que sejam mais factíveis para o próximo ano, e organizá-los em pequenos passos.
“Se a meta é ter um estilo de vida mais saudável, por exemplo, no lugar de planejar correr uma maratona, comece a organizar caminhadas de 15 minutos por três vezes na semana. Não radicalize na dieta, pois o ideal é diminuir a inserção de açúcares e produtos industrializados, começando com pequenos passos e com constância. Tudo isso terá uma maior chance de sucesso se for realizado com acompanhamento profissional. Assim sendo, busque um psicólogo, um nutricionista, um professor de educação física. Não tenha receio em “exagerar” no seu autocuidado”, recomendou.
5 passos para trazer equilíbrio e bem-estar neste período
Sabrina Amaral, piscóloga do da Epopéia Desenvolvimento Humano sugere uma postura mais acolhedora com os próprios sentimentos, em vez de fuga e negação e, por isso, elencou 5 passos que podem contribuir com este processo. Confira:
- Valorizando o positivo Desenvolva o hábito de ressaltar seus aspectos positivos e qualidades, bem como suas vitórias e acontecimentos de vida que foram bons. Isso despertará em você uma sensação de contentamento e bem-estar, que são os ingredientes fundamentais para uma boa saúde emocional. Respeite suas limitações, valorize-se e agradeça por cada pequena conquista.
- Régua da autoexigência Quanto mais somos exigentes conosco, mais ampliamos um estado emocional dolorido. Permita-se fazer uma reflexão mais generosa, analisando o que você fez bem e o que pode ser feito de forma diferente da próxima vez, transformando erro em aprendizado.
- Ressignifique Já passou pela sua cabeça que, talvez o fato de não ter concretizado aquele plano que queria é consequência de você ainda não estar preparado para isso? Substitua a culpa pela habilidade e assim responda diferente numa próxima vez. Mas se você chegar à conclusão de que faltou força de vontade, reflita se o que você almeja é algo que genuinamente deseja, ou se está fazendo isso por outra pessoa.
- Expectativas Ao invés de querer mudar o outro e criar expectativas, trabalhe sua reação frente as adversidades. Pense em estratégias para te ajudar neste momento: deixe claro seus limites (comunicação não-violenta é sua maior aliada nessas horas), diga não e evite discussões desnecessárias. Por fim, respire fundo e saiba que isso vai passar.
- Presente não é moeda de troca Tenha em mente que o valor do presente não é proporcional ao tanto de afeto que você sente pela pessoa. Além disso, não é demérito você estar passando por dificuldades financeiras e, por conta disso, não conseguir presentear como gostaria. Faça um planejamento financeiro e assuma compromissos apenas com aquilo que vai caber no seu orçamento.
A especialista ainda ressalta que é muito normal sentir-se mais triste, ansioso ou estressado neste período, mas que é preciso tomar cuidado para não aliviar o sofrimento utilizando mecanismos como compras compulsivas ou até mesmo exagerar na comida ou na bebida. “Torne-se adepto da autocompaixão e valide seus sentimentos. Este é o começo do caminho”, indica.
A psicóloga afirma que é preciso ter um plano para cumprir seus objetivos e alcançar sucesso, então sugere um checklist para te ajudar a ‘driblar’ o cérebro e os mecanismos de autossabotagem que te impedem de chegar lá.
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