Apesar do distanciamento social, estamos vivenciando uma aproximação imensa com nossos conjugues e familiares. Como está seu relacionamento afetivo-sexual nesse período de reclusão?
Por Diego Zahori*
As pessoas que moram juntas estão passando por momentos de maior convívio como nunca antes foi vivenciado.
Esse isolamento da família em casa é visto, por muitos, como uma potencial fonte de conflitos. Vêm circulando em redes sociais imagens e textos tidos como lúdicos e em tom de brincadeira, mas abordando a dificuldade das pessoas em ficarem isoladas em seus lares, com seus conjugues e filhos.
Como seria você encarar a quarentena como uma oportunidade de mudar o que vem te incomodando no seu relacionamento?
Esse pode ser o momento para conectar-se novamente ao seu companheiro(a), revendo suas vidas e o que vocês tem priorizado, pensando demasiadamente em trabalho e nas tarefas diárias, acabando, muitas vezes, negligenciando seus relacionamentos.
Dicas para esse período:
– Diálogo:
O diálogo é a base de qualquer relacionamento sadio.
Falar o que sente é essencial. Muitas vezes as pessoas esperem que o outro nos entenda e faça algumas atitudes por nós. Mas ninguém tem bola de cristal. Você deve dizer o que quer e o que está sentindo; isso vale para a rotina e também para o sexo.
– Autoconhecimento:
Nesse período de isolamento passamos a entrar mais em contato com nós mesmos.
Ao nos distanciarmos da correria do dia-a-dia, passamos a sentir mais emoções, entrarmos em contato com nossos sentimentos mais internos que passavam despercebidos em meio a tantas tarefas.
Nesse momento, você pode tirar um período do dia, se desligar de tudo e focar sua atenção no seu corpo. Procure um lugar tranquilo em sua casa e faça esse exercício deitado.
Perceba o contato do seu corpo com a roupa e com o colchão. Aos poucos, foque sua atenção na respiração, perceba os movimentos em seu corpo. Foque em como seu corpo se movimenta. Quando for soltando o ar, deixe seu corpo fluir com o movimento e perceba todo seu corpo relaxando e se entregando ao movimento da onda que o processo respiratório faz em seu corpo.
Foque apenas na sua respiração, perceba seu corpo, dê atenção a ele, perceba o que ele está sentindo em termos emocional e físico. Que emoção está surgindo? Esse é o momento para se acolher.
Para finalizar, se posicione de lado, em posição fetal e se abrace, dando amor e carinho a você mesmo.
– Sensibilização afetiva:
Eu chamo de sensibilização afetiva algumas práticas para a educação para o afeto.
Vivemos em uma sociedade em que aprendemos a guardar nossas emoções. Fomos criados com a crença de que demonstrar nossos sentimentos é sinal de fraqueza.
Uma prática que pode ser realizada é a conexão do casal através do olhar.
Nessa conexão você se abre ao outro, ao sutil, tem uma conexão empática muito profunda.
Pare um momento e fique em frente ao outro, ao seu companheiro(a) e apenas se olhem, olhos nos olhos, perceba o que esse olhar tem a lhe dizer, o que eles expressam.
É muito comum as pessoas sentirem resistência e dificultada para a realização dessa prática, pois é uma conexão muito profunda, a qual irá revelar o grau de intimidade da sua relação.
Aproveite esse momento, coloque as mãos no coração do outro e diga: “eu te vejo, eu te sinto, eu te percebo”.
Usufrua esse tempo de isolamento e tire um momento de aprendizado. Uma educação para o afeto e para o autoconhecimento, uma educação que você nunca teve na escola, uma educação que ocorre pela experiência vivida com todo o seu ser.
*Diego Zahori é psicólogo de formação, pós graduado em Psicologia Jurídica e em Sexualidade Humana Aplicada e capacitado em Terapia Tântrica. Conhecido como Psicólogo do Prazer, Diego Zahori desenvolveu um óleo próprio para Massagem Tântrica em parceria com a empresa de cosméticos sensuais Pessini. Terapeuta por vocação, auxilia as pessoas no processo de consciência e de cura.
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