Tigrinho X Sexo: quem dá mais? Entenda o risco do vício em jogos para sua relação

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Tigrinho X Sexo: quem dá mais? Entenda o risco do vício em jogos para sua relação

Especialistas ensinam a identificar a Ludopatia, vício em jogos de azar, e orientam sobre o que fazer para vencer esse desafio

Um estudo realizado pela Pesquisa Game Brasil 2024 revelou que 73,9% da população afirma jogar algum tipo de jogo digital, independentemente da frequência ou da plataforma. Além disso, a pesquisa mostrou um crescimento de 3,8% em relação ao ano anterior, com 85,4% dos entrevistados dizendo que jogos eletrônicos são “uma das suas principais formas de diversão”. O tempo investido na atividade dura entre 1 e 3 horas para 50,8% dos gamers que responderam à pesquisa. 

Porém, o que começa como diversão em forma de apostas pelo celular, pode se transformar em um problema sério, que impacta a saúde mental e financeira de quem abusa dos jogos de apostas online.

As bets, que rapidamente se disseminaram no Brasil, já são uma preocupação real entre os profissionais de saúde mental e casos de vício estão aumentando a procura por ajuda. “As apostas começam como entretenimento, mas, para algumas pessoas, elas podem evoluir para um comportamento problemático, levando a sérios problemas emocionais, psicológicos e sociais”, afirma a psicóloga e psicanalista Ana Volpe, membro-filiada da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.

2 milhões de pessoas já estão viciadas em jogos no Brasil

Um levantamento realizado pelo departamento de psiquiatria da USP revelou que o Brasil tem dois milhões de viciados em apostas. Segundo dados do Ministério da Saúde, o número de atendimentos psicológicos realizados no CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) e pela APS (Atenção Primária à Saúde) para pessoas com dependência em jogos de azar saltou de 108 para 1290 entre 2018 e 2023, representando um aumento de 1094%.

Já o instituto de Illinois apontou indícios que o jogo é um vício patológico, e se assemelha a um vício químico, devido às alterações nos neurotransmissores causados pela doença. A liberação de dopamina no cérebro parece reforçar a compulsão por jogos, aumentando a excitação e, consequentemente, diminuindo o medo de errar. O pico de adrenalina ao realizar a aposta e o fato de ganhar ou perder se torna um mecanismo de recompensa para o cérebro.

De acordo com a especialista, os efeitos dos jogos no cérebro são similares aos das drogas de abuso e ativam a produção de dopamina, que atua nos sistemas de recompensa e sensação de prazer.  “Podem viciar devido a uma combinação de fatores psicológicos, neurológicos e sociais que criam um ciclo de dependência. O mecanismo de vício nas bets envolve recompensas imediatas, reforço intermitente e estímulos emocionais intensos que, com o tempo, podem alterar o comportamento do indivíduo”, diz.

Além do impacto na saúde mental das pessoas, o vício em jogos pode trazer à tona outro problema sério: o endividamento familiar. Segundo a Confederação Nacional do Comércio, a taxa de agosto foi superior a 78%, um número que pode ter sido impulsionado pelo descontrole no uso abusivo nos jogos.

“A ludopatia também pode levar a sérios problemas de saúde mental, a compulsão pelo jogo pode levar a quadros de ansiedade, depressão e estresse crônico. O jogador compulsivo pode se isolar socialmente, prejudicar relacionamentos e ter dificuldade em lidar com as responsabilidades do dia a dia”, alerta  Rosângela Casseano, psicóloga, terapeuta cognitivo comportamental e CEO da PsicoPass.

É fundamental que a sociedade e os meios de comunicação estejam atentos a essa questão, promovendo debates e campanhas de conscientização sobre os riscos da ludopatia, assim como é imprescindível que as autoridades governamentais implementem políticas públicas eficientes para o controle e prevenção desse problema.

Como reconhecer o vício em jogos

O vício em jogos de azar, também conhecido como “transtorno do jogo”, é uma condição reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Associação Americana de Psiquiatria (APA).

A Ludomania ou Ludopatia é um distúrbio psicológico que faz com que a pessoa aposte compulsivamente e está relacionado ao transtorno do controle de impulsos. A compulsão é uma doença, diferentemente da dependência de álcool ou drogas, que apresentam sintomas físicos mais claros, o vício em jogos apresenta sinais menos óbvios.

O transtorno é reconhecido na Classificação Internacional de Doenças (CID-10) como jogo patológico, com o código F630. Nessa classificação, não há distinção entre jogos eletrônicos e de azar, bem como não distingue jogos de apostas e cassinos online. De acordo com o CID-10, o transtorno consiste na presença de episódios de jogo que dominam a vida da pessoa, prejudicando seus compromissos sociais, profissionais e familiares.

Pessoas que sofrem com esse vício têm uma compulsão para continuar jogando, mesmo quando isso causa danos a suas finanças, relacionamentos e saúde mental.Quando ganham uma aposta, reforça a ideia de que jogar e apostar são atividades recompensadoras”, explica o psicólogo Richard Avila.

“Com o tempo, o cérebro começa a exigir doses cada vez maiores dessa “recompensa” para sentir o mesmo nível de prazer, e o jogador precisa apostar mais frequentemente ou em quantias maiores. Além disso, a ilusão de controle, ou a crença de que pode-se influenciar o resultado de uma aposta, mantém a pessoa presa no ciclo, mesmo quando perde”.

O vício em apostas nem sempre é fácil de identificar. Muitas vezes, quem sofre com esse problema esconde suas atividades, envergonhado do que está fazendo ou acreditando que pode parar quando quiser. 

Contudo, alguns sinais de alerta podem ajudar a identificar o problema. Confira os pontos elencados pelo psicólogo Richard Avila, que também é mestre em Mestre em Ciências da Saúde e é o fundador do Espaço Terapêutico Nosco:

Aumento de apostas: A pessoa começa a apostar com mais frequência ou em quantias maiores para sentir a mesma emoção.

Preocupação constante com apostas: Pensar em apostas o tempo todo, mesmo quando não está jogando.

Tentativas frustradas de parar: Embora a pessoa tente reduzir ou parar de apostar, ela não consegue.

Perdas financeiras: Dívidas, dificuldades para pagar contas e mentiras para encobrir os gastos com jogos.

– Comprometimento da vida pessoal e profissional: Problemas no trabalho, no relacionamento e com a família devido ao tempo gasto com jogos.

Para identificar se a diversão se transformou em vício e precisa de apoio profissional, a dica é entender a incapacidade de parar. A perda de controle é um sintoma clássico de compulsão, onde a pessoa repete a ação mesmo contra sua vontade consciente. A tendência em negar ou minimizar o problema é outro ponto de atenção.

É importante ainda estar atento aos sinais de alerta de que alguém pode estar precisando muito de ajuda, especialmente se essa pessoa tem um histórico de vício em apostas. Alguns sinais incluem:

– Falar sobre querer morrer ou se machucar.

– Sentir-se sem esperança ou dizer que “não há solução”.

– Desconectar-se de amigos e familiares.

– Dizer adeus de forma incomum.

– Mudanças drásticas de humor – momentos de euforia seguidos de profunda tristeza.

– Dar bens pessoais como se não fossem mais necessários.

“Mesmo quando as consequências negativas começam a aparecer, vem a fase da racionalização para tentar justificar a incapacidade de interromper o ciclo repetitivo. Além disso tudo, o indivíduo pode se isolar e apresentar sintomas de ansiedade e depressão, especialmente quando as perdas começam a se acumular”, afirma Ana Volpe.

E como ajudar alguém em risco?

Se você suspeita que alguém está lutando contra o vício em apostas e que isso está afetando sua saúde mental, há maneiras de ajudar:

  1. Fale abertamente: Muitas pessoas nesse estado sentem vergonha ou medo de falar sobre seus pensamentos. Aborde o assunto com empatia, ouvindo sem julgar.
  2. Incentive a busca por ajuda profissional: Psicólogos, psiquiatras e grupos de apoio para vícios podem oferecer o suporte necessário.
  3. Ofereça apoio emocional: Esteja disponível para ouvir e apoiar sem julgamento.
  4. Evite minimizar os sentimentos da pessoa: Frases como “isso vai passar” ou “você precisa ser forte” podem agravar o sentimento de isolamento.

Tratamentos para vício em jogos 

Segundo Ana Volpe, o reconhecimento do vício em jogo é o primeiro passo para a recuperação. “É um processo delicado e complexo, que exige paciência, apoio e, muitas vezes, uma escuta psicanalítica atenta e sensível para ajudar o sujeito a lidar com os impulsos que o levam a repetir esse comportamento autodestrutivo”, finaliza Ana.

Como o vício em jogo é comparado a um vício químico, logo a abstinência é um forte problema, assim como a tolerância a medicamentos e a crença do sujeito que retomou o controle. “Na maioria das vezes, além da medicação, acompanhamento psiquiátrico e psicológico, a pessoa necessita de internação para uma possibilidade de desassociação tanto do meio, quanto da acessibilidade aos jogos”, orienta Rodrigo Bravim, psicólogo e professor no curso de pós-graduação em Medicina do Esporte na Faculdade UNIGUAÇU.

O tratamento deve começar o mais rápido possível. Estudos mostram que 70% dos jovens superam o transtorno com terapia, enquanto o restante sofre recaídas ou abandonam o tratamento. Porém, muitas vezes, é necessário o uso de medicamentos como paroxetina, naltrexona, bupropiona, entre outros, em conjunto com acompanhamento psicológico individualizado. 

É importante também explorar a possibilidade de grupos de apoio para ajudar a alcançar uma percepção da pessoa de que ele não é o “único perdedor” ajudando a mudar a maneira como ela se vê.

“A família entra como parceira indispensável em todo tratamento, ajudando a afastar a pessoa de coisas nas quais poderão ser gatilhos para o desejo compulsivo, e, com o apoio constante, tendo um olhar cuidadoso em vez de inquisidor durante o processo de recuperação do sujeito”, finaliza o especialista.
Para aqueles que já estão enfrentando a ludopatia, é essencial buscar ajuda profissional. Os psicólogos e terapeutas especializados em vícios podem oferecer suporte emocional, estratégias de controle e tratamentos adequados para ajudar os indivíduos a superarem essa dependência.

Relações Públicas, atuante em assessoria de imprensa e gestão de conteúdo para internet. Pós graduada em Educação Sexual pelo ISEXP – Instituto Brasileiro de Sexualidade e Medicina Psicossomática da Faculdade de Medicina do ABC, atendeu a várias empresas e profissionais do ramo erótico de 2002 até atualidade, estando inclusive a frente da sala de imprensa da Erótika Fair de 2002 a 2010. Também é certificada em Inbound Marketing pelo HubSopt Academy.

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