Por Marianna Kiss
“É uma grande satisfação e gratidão poder compartilhar minha transformação e evolução de vida enquanto ser humano”. Valentina Cooper
O BDSM, acrônimo para Bondage, Disciplina, Dominação, Submissão, Sadismo e Masoquismo, desde o sucesso de “Cinquenta tons de cinza” se tornou sinônimo de ferramenta para apimentar a relação, assim como, fantasia sexual. A coluna Dona do Próprio Poder tem se empenhado em demasia para desconstruir ambas as ideias errôneas. Fantasia sexual é tudo aquilo que você imagina fazer e experimentar quando pensa em sexo e a prática do BDSM é apenas uma dessas coisas e, o mesmo não é, nem de longe, uma ferramenta para apimentar uma relação e sim um estilo de vida onde os praticantes levam suas técnicas com muito profissionalismo cobrando ou não tributos por uma sessão. E hoje eu vou desconstruir outro tabu relacionado ao tema, o que diz que uma Dominatrix é apenas uma sádica que gosta de maltratar submissos (como se isso não fosse previamente acordado).
Não! Uma Dominatrix, assim como um Dominador, são pessoas como nós, baunilhas. São humanos. Têm sentimentos, se emocionam e choram. Pagam contas. Cuidam de suas famílias e pets. Muitos não se sustentam com os tributos das sessões e têm inúmeros projetos profissionais. Eles também têm questões sexuais, também pegam resfriado e sofrem infarto. E mais… Eles também têm um passado com alegrias e tristezas, com traumas e superação e é a história de vida da Dominatrix Valentina Cooper que ilustra esse assunto.
O rosto misterioso e o corpo escultural que figuram um perfil com mais de 20 mil seguidores no Instagram e uma longa fila a espera de uma sessão, é o alter ego de uma mulher que é filha adotiva. Valentina nunca teve um bom relacionamento com seus pais, pois sentia um enorme vazio por não conhecer sua origem, suas raízes. Ela teve uma difícil aceitação em receber o que o Universo havia lhe enviado. Não acreditava em sua própria data de aniversário por achar que era mais uma mentira inventada para lhe convencer a gostar de sua nova realidade, quando na verdade, suas emoções sofridas lhe cegavam a enxergar aquela família incrível que marcaria o início de uma grande transformação.
Valentina se casou muito cedo, com a apenas 17 anos como objetivo de sair da casa dos pais adotivos. Ela diz que foi muito bem casada por 11 anos, com todas as mordomias que uma mulher merece, teve dois filhos lindos e um marido perfeito, contudo, não era feliz. Ela trabalhava como vendedora de automóveis e, um dia, realizou uma venda a um policial federal chamado Richard. Ela não hesitou em pedir que ele encontrasse sua família biológica, com a ilusão de que esse achado fosse resolver suas questões emocionais da infância e adolescência. “Richard realizou o maior sonho da minha vida e me trouxe tudo o que pedi: mãe, pai e irmão biológicos. Contudo, não consegui ter contato com eles, não sentia que eram minha família e a minha autoaceitação parecia estar cada vez mais longe”, ela conta com os olhos marejados.
A mulher, que hoje é uma poderosa Dominatrix, e o policial se apaixonaram. Ela se separou do marido e ficou com Richard por seis anos, mas o Universo achou que era hora dele partir para que ela pudesse passar por seu maior período de evolução de vida. Richard faleceu em 2010, há exatos 13 dias de seu aniversário e o mundo de Valentina desabou… Assim como o seu e o meu desabariam também. “Eu não entendia porque aquilo, de um jeito tão doloroso, estava acontecendo comigo e eu me perguntava se merecia tudo isso. Eu não saiba que, para dar mil passos à frente, eu precisaria voltar 10… apenas 10” e foi com essa emoção, guardada por anos que, em 18 de dezembro de 2018, no dia de seu aniversário ela teve um infarto. Cooper, aos 40 anos, foi agraciada com uma segunda chance de viver. Ela foi tratada por exímios profissionais que, além de cuidarem de seu trauma emergencial, a diagnosticaram, também, com transtorno bipolar depressivo suicida, “que nome horroroso, não acha?”. Você imagina que essa mulher linda das fotos, de presença forte, cheia de sorrisos e gentilezas com a coluna Dona do Próprio Poder, passou por isso?!
Valentina entrou em tratamento psiquiátrico com medicações muito agressivas ao corpo ao ponto de lhe provocarem insuficiência renal, o que a obrigou a procurar por outros meios para continuar cuidando de sua saúde mental e, então, física também. Foi aí que, mais uma vez, ela foi agraciada pelo Universo que colocou em seu caminho uma psiquiatra chamada Viviane. A médica foi objetiva e sincera ao lhe dizer que quem estava criando todos aqueles problemas era ela mesma, a Cris, uma mulher que se fragilizou ao longo de sua história quando se permitiu ser submissa a emoções de rejeição, carência e revolta… O que não foi ruim, pois experiências dolorosas são necessárias para que aprendamos a dominar nossos sentimentos, dores e vontades que vão transformar nossas vidas e nortear nossas escolhas e decisões.
Inicialmente ela pensou “eu?”. Mas, em seguida se deu conta de que a responsabilidade de sua vida, plenitude e felicidade só pertencia a si e foi assim que Cris deu mais um passo para se tornar a Valentina. “Se sou eu que estou criando tudo isso, então eu escolho destruir esses pensamentos e emoções”, ela disse a si mesma ao mesmo tempo em que iniciava atividades que ligaram seu corpo a sua mente, como ioga e meditação. Passou, também, a estudar física quântica a fim de buscar melhor entendimento sobre o funcionamento da vida e do universo para o alcance da felicidade. Se arriscou na numerologia e praticava, diariamente, uma lei que ela mesma criou, aprovou e decretou para si, a lei da risada, onde se condicionou a acordar dando risadas até que isso se tornou um hábito natural. Cooper conta também, que passou a seguir o influenciador digital Júnior Salles, do Recife, e o assistia sempre pela manhã antes de sair da cama para que levantasse vibrante e cheia de alegria. A rotina que criou para a sua nova vida foi intencional para que não deixasse, jamais, sua vibração cair e, toda vez que isso acontecia ela corria para seus estudos de física quântica e para livros como “Mais esperto que o Diabo”, “O poder do agora” e “O segredo”, dedicação essa que lhe fizeram entender o poder da atração e lhe deram força para superar obstáculos e construir um patrimônio de um milhão de reais em apenas seis meses. “Aí eu percebi que sim, eu era uma mulher empoderada. O Universo me preparou para que eu passasse para frente todo o meu conhecimento e sabedoria para ajudar pessoas que desejam evoluir e ser feliz, por isso criei uma personagem que faz tudo o que a Cris não fez” e, foi assim que nasceu a Valentina Cooper, uma Dominatrix cheia de energia, falando uma linguagem única que atinge todas as personalidades, que traz informações descontraídas e desconstrói tabus que atrapalham a nossa evolução como seres humanos. Ela conclui “aqui estou dividindo com você um pouco da minha trajetória e objetivo em vida… Preciso levar essa informação para o mundo para que, juntos, possamos fazer nossa parte para ajudar uns aos outros e todas as pessoas que estiverem na mesma vibração e sintonia. Desde já agradeço por essa oportunidade de estar aqui, gratidão eterna”.
Todas nós, mulheres, temos um contexto de vida, de luta e de valores baseados num passado de superação. Tudo o que nós permitimos que nos fragilizem passam, na verdade, a nos fortalecer quando encontramos dentro de nossos corações, força. Não encontramos essa força por meio de medicação ou qualquer outra válvula de escape. Não encontramos essa força sendo vendida em cápsulas. Não encontramos essa força no outro. Só conseguimos encontrar essa força quando o que está em jogo é a nossa própria vida… E, só conseguimos dar valor a nossa própria vida quando nos amamos pra valer, quando queremos continuar respirando com bem-estar, saúde e plenitude. Se você pensa que não tem essa força, olhe profundamente para dentro de si, pense que seus méritos e insucessos são obra e responsabilidade sua, pare de se vitimizar achando que o Universo está sendo injusto e tome suas rédeas, pois nem todas têm a sorte de esbarrar com uma profissional que diga: você é quem cria a sua realidade.
Valentina aprendeu a ser grata e, hoje, quem agradece ao Universo por tê-la colocado em meu caminho com essa história de superação exemplar sou eu, que hoje me tornei Marianna Kiss, e vejo que o que passei na vida para me tornar a mulher que escolhi ser não sofreu um terço do que a Cris experimentou para chegar até aqui.
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