Por Karina Brum
O conteúdo do texto de hoje é papo sério e vai muito além de falar sobre sexo e tudo que envolve a nossa sexualidade. Vamos falar hoje sobre como amar nossas mulheres. Nesse mês de setembro, dentre tantos assuntos importantes, iremos falar sobre a Rede Ebserh.
Essa rede é formada por hospitais públicos ou universitários, que se credenciam e capacitam seus colaboradores a oferecerem atendimento acolhedor e humanizado a todas as mulheres em situação de violência sexual, mas não somente a esta violência, mas sim, a todos os tipos que infelizmente existem. É importante dizer as nossas meninas, adolescentes e mulheres que fazem parte da nossa vida: “eu me importo com você”.
Estudando a fundo a proposta de atendimento dos hospitais da rede, fiquei feliz em saber que no processo da triagem de atendimento, não há exigência de se ter registrado um boletim de ocorrência (B.O). O próprio profissional da saúde que irá realizar essa fase do acolhimento, ficará responsável por notificar o caso de violência. E por mais que estejamos vulneráveis e machucadas, é necessário registrar a informação para que possamos investir em ações efetivas que promovam a proteção do maior número de pessoas possíveis. Manter as identidades em sigilos, é condição inegociável dentro desse processo humanizado. Só assim, a mulher perderá o medo de buscar suporte e atendimento em casos de violência. A maioria dessas mulheres, sofrem em silêncio, por vergonha, por medo, por falta de rede de apoio. Essa violência vira sintoma e adoece o corpo. É bem comum a manifestação de doenças, tais como: depressão, ansiedade generalizada, transtorno de estresse pós-traumático, Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), gravidez indesejada e aborto clandestino. Por isso, é vital contar com serviços capacitados e dispostos em dar suporte psicológico e físico.
Em 2022, a plataforma gov.br trouxe uma realidade devastadora, e precisamos falar sobre isso:
- 70% dos três bilhões de pessoas vivendo em extrema pobreza no mundo são mulheres, ressaltando assim o processo de feminização da pobreza;
- A cada 15 segundos, uma mulher é espancada no Brasil, segundo o Instituto Patrícia Galvão;
- Uma a cada três mulheres no mundo já foi espancada ou violentada sexualmente;
- Brasil tem cerca de 822 mil casos de estupro a cada ano, dois por minuto (Ipea);
- De acordo com o Sinan, do Ministério da Saúde, a maior quantidade de casos de estupro ocorre entre as jovens, e as principais vítimas são as jovens de 13 anos de idade;
- Familiares, parceiros e ex-parceiros, amigos e conhecidos são os principais agressores, tanto dos casos de violência física como de violência sexual;
- Mulheres trans são mais sujeitas a sofrer violência que mulheres cisgênero;
- Mulheres indígenas, pretas e pardas sofrem mais violência do que mulheres brancas.
Uma das PRINCIPAIS finalidades da “criação” da Rede Ebserh foi a prestação de serviços gratuitos de assistência médico-hospitalar, ambulatorial e de apoio diagnóstico e terapêutico à comunidade – e todo esse processo de assistência à saúde estão inseridas integral e exclusivamente no âmbito do Sistema Único de Saúde – SUS. É bom reforçar que a interrupção da gravidez em casos de estupro é garantida por lei 12.845/2013, conhecida como “Lei do Minuto Seguinte”. A mulher que sofreu a violência sexual, pode consentir interromper a gestação sem sofrer punições – e em caso de ela ser incapaz, há possibilidade de um representante legal, decidir por ela.
O atendimento dos hospitais da rede é capacitado para acolher:
- vítimas de violência sexual e oferta de medidas profiláticas para gestação e ISTs,
- realiza acompanhamento ambulatorial integral através de equipe multiprofissional (ginecologista, enfermeira, psicóloga e assistente social)
- em caso de procedimento de interrupção da gestação, mediante criteriosa avaliação e acompanhamento da equipe multiprofissional, nos casos previstos em lei.
Então se liga: em Campo Grande/MS a rede de atendimento EBSERH se encontra no Hospital Universitário Mª Apª Pedrossian. Já em SP, encontramos o serviço ativo e disponível no Hospital São Carlos – até o final de 2025, o atendimento estará funcional também na Universidade Federal de SP.
No portal GOV.BR você encontrará a rede completa de hospitais espalhados pelo Brasil.
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Contato: 11 964920089 ou 67 992128009.