Por Karina Brum*
Certa vez, num curso elaborado para o publico masculino, comprovei o quanto vivemos imersos e perdidos dentro da cultura patriarcal, onde o falo ainda prevalece.
Fiz uma palestra sobre Habilidades Orais! A ideia era tentar repassar o conhecimento sobre o poder cataclísmico do bom sexo verbal e a importância da verbalização de desejos, fantasias e fetiches. Mas para minha “surpresa”, a maioria dos homens inscritos esperava um tutorial de como encontrar o clitóris. Claro que eu havia colocado esse “GPS” também, mas iniciei o evento com uma pergunta simples que causou um bug, uma pane no sistema masculino – eu perguntei para a turma: “me digam qual parte do corpo de vocês, deixando de lado o p^nis, que quando tocado, quando acariciado, vocês sentem tes~o?” Pasmem (ou não), eles se olharam e demoraram uns 4 minutos para conseguir falar. Alguns, mencionaram nuca e peitoral, outros, pescoço e mamilos, outros disseram costas… Enfim, nada disso me chocou, mas sim, entristeceu.
Quando trouxe o termo habilidades orais, imaginei que os homens daquela turma realmente bugariam, era o esperado. Mas vê-los tendo “tela azul” numa pergunta tão simples, explica muita coisa.
Nós não nascemos prontos e o filósofo Cortella já disse isso. Saber “fazer” sexo não é nato, ou seja, não sabemos, não nasce em nós. O ato mecânico de fazer, talvez seja instintivo, mas não sabemos de fato o que nos dará prazer se não testarmos. Essa é a grande diferença entre sexo e sexualidade. Sexo é o ato fisiológico e instintivo de buscar liberação de endorfinas. Sexualidade é a expressão desse instinto. Ritmo, cadência, controle da respiração, cheiros e gostos, toques, olhares, sons, conexão – tudo isso e muito mais compõe a nossa sexualidade. Cada pessoa tem uma maneira singular de expressar desejo, paixão, tesão, amor.
Habilidades orais tem tudo a ver com sexo verbal, por exemplo. Se engana aquele (a) que pensa que ouvir ou falar durante a intimidade não excita. Estudos afirmam que 67% das mulheres gostam de ouvir suas parcerias gemerem ou usar termos mais “ousados e safadinhos” entre quatro paredes. A audição potencializa o ato de fantasiar. E jamais esqueçam que o mais importante é combinarem de forma consensual o que pode ou não ser dito. Mesmo que seja apenas sexo casual, deve respeitar a tríade do seguro, saudável e consensual.
Então, a partir de hoje, reveja seu vocabulário erótico e divirta-se! Falar é o novo sexy.
Um beijo da Ka.