“Mulheres gozam menos”: por que a desigualdade no prazer ainda é uma realidade?

“Mulheres gozam menos”: por que a desigualdade no prazer ainda é uma realidade?

Se você já ouviu falar na “disparidade do orgasmo”, saiba que esse não é um mito ou um exagero feminista. A ciência já provou que mulheres, em comparação aos homens, chegam ao clímax com muito menos frequência. E, para piorar, muitos nem consideram isso um problema. Mas a gente considera, sim!

Chega de orgasmos distribuídos de forma desigual! Vamos entender por que isso acontece e, claro, o que podemos fazer para mudar esse cenário. Porque, convenhamos, prazer é um direito de tod@s!

A “lacuna do orgasmo”: o que dizem os estudos?

A disparidade entre orgasmos femininos e masculinos tem sido amplamente estudada. Um estudo publicado na Archives of Sexual Behavior apontou que, em relações heterossexuais, 95% dos homens chegam ao orgasmo regularmente, enquanto apenas 65% das mulheres relatam a mesma experiência. Já em relações entre mulheres, esse número sobe para 86%, provando que o problema não está no corpo feminino, mas sim na forma como o sexo acontece nas relações heterossexuais.

Mas por que isso acontece? Será que o clitóris tem um defeito de fábrica? Nada disso! O problema está na forma como o sexo é conduzido, no conhecimento sobre a anatomia feminina e nos tabus que ainda cercam o prazer das mulheres.

Orgasmo não é só penetração: a ciência explica

A pornografia tradicional fez um desserviço ao prazer feminino, propagando a ideia de que orgasmos são sinônimo de penetração. Mas, surpresa: apenas 18% das mulheres conseguem atingir o orgasmo somente com a penetração vaginal. A maioria precisa de estimulação direta no clitóris para chegar ao auge do prazer.

O clitóris, aliás, é um órgão fascinante. Ele tem cerca de 8 mil terminações nervosas (o dobro do pênis!), mas muita gente mal sabe como ele funciona. O problema é que, durante o sexo heterossexual, a atenção é majoritariamente focada na penetração e não na estimulação clitoriana, resultando em orgasmos frustrados para muitas mulheres.

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O fator educação: mulheres aprendem a dar prazer, não a recebê-lo

Outra questão relevante é que, desde cedo, homens são incentivados a explorar sua sexualidade, enquanto mulheres são ensinadas a “se preservar”. A masturbação masculina é vista como natural, enquanto a feminina ainda é um tabu. Isso significa que muitas mulheres chegam à vida adulta sem nem saber como ter um orgasmo sozinhas, muito menos com um parceiro.

A educação sexual nas escolas também não ajuda. O foco é sempre em reprodução e prevenção de doenças, não no prazer e na conexão com o próprio corpo. Quando ninguém fala sobre prazer feminino, ele acaba sendo tratado como algo secundário – e, pasme, até como um luxo.

Pressão social e a culpa pelo prazer

Mulheres também enfrentam barreiras psicológicas. Muitas foram ensinadas que exigir prazer é algo “feio” ou “vulgar”. Quem nunca ouviu que uma mulher que gosta de sexo “não é de respeito”? Esses resquícios de machismo fazem com que muitas mulheres tenham dificuldade de se soltar na cama e verbalizar o que gostam ou não gostam.

A anorgasmia (dificuldade ou incapacidade de atingir o orgasmo) muitas vezes está ligada a bloqueios emocionais. O medo de julgamento, traumas passados ou um ambiente sexual pouco acolhedor podem impactar diretamente o prazer feminino.

O que pode ser feito para mudar essa realidade?

Agora que entendemos o problema, vamos para a parte mais interessante: como resolver essa desigualdade orgásmica?

1. Mulheres, se conheçam!

A masturbação é a melhor forma de descobrir o que te dá prazer. Use as mãos, brinquedos eróticos, explore diferentes velocidades e pressões. Quanto mais você se conhece, mais fácil fica comunicar ao parceiro o que gosta.

2. Quebre o tabu da conversa sobre sexo

Não adianta fingir orgasmo ou esperar que o outro adivinhe o que você quer. Fale sobre suas preferências, explique como gosta de ser tocada e dê feedbacks. A comunicação é essencial para melhorar a vida sexual.

3. Mude o foco: sexo não é só penetração

Experimente outras formas de prazer, como sexo oral, estimulação com as mãos e brinquedos. Para muitas mulheres, essas práticas são mais prazerosas do que a penetração em si.

4. Educação sexual desde cedo

A mudança também precisa ser estrutural. Escolas e famílias devem abordar educação sexual de forma abrangente, falando sobre prazer e consentimento, não apenas sobre biologia e prevenção.

5. Repense o que você consome

A pornografia mainstream não reflete a realidade do prazer feminino. Busque conteúdo educativo e erótico que valorize a experiência feminina, como pornografia feminista ou literatura erótica.

6. Terapia sexual pode ajudar

Se você sente que tem dificuldades para sentir prazer, buscar um terapeuta sexual pode ser um caminho incrível. Profissionais especializados ajudam a entender bloqueios e melhorar a relação com a sexualidade.

Enfim, orgasmos para todas!

A desigualdade no prazer é real, mas não precisa continuar existindo. Quanto mais falamos sobre isso, mais conseguimos normalizar o fato de que o prazer feminino é importante e deve ser priorizado.

Chega de fingir orgasmo, chega de sexo sem prazer! Todas as mulheres merecem experimentar sua sexualidade de forma plena, segura e satisfatória. Agora, que tal compartilhar esse texto e ajudar outras mulheres a se libertarem dessa desigualdade? 😉

Feliz Dia das Mulheres para nós!

Publicitária, Consultora e expert em Mercado Erótico, Escritora e empresária. Atua no Mercado Erótico Brasileiro desde o ano 2000. Autora de 28 livros de negócios e sobre produtos eróticos para os consumidores. De 2010 a 2017, presidiu a ABEME – Associação Brasileira de Empresas do Mercado Erótico. Citada em mais de 100 teses universitárias e livros de sexualidade sobre o tema. Desenvolve e projeta produtos eróticos e cosméticos sensuais para os maiores players do setor. Criadora do primeiro seminário de palestras para empresários do mercado erótico em 2006. Apoiadora e partícipe dos mais importantes eventos eróticos do mundo. Também idealizadora do Prêmio Melhores do Mercado Erótico e Sensual que, desde 2016, anualmente elege as melhores empresas, as inovações, os produtos mais queridos e desejados e as ações que estimularam o desenvolvimento do setor. É fundadora e co-autora do site MercadoErótico.Org.

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