Confinamento pode afinal ter sido positivo para as relações, revela inquérito
Mais de dois terços dos casais portugueses estão satisfeitos em termos emocionais e sexuais, após a quarentena. A conclusão é de um inquérito que revela que o confinamento trouxe melhorias na cumplicidade, no diálogo e na demonstração de carinho, assim como uma maior aposta na inovação sexual, com recurso a novas posições e brinquedos.
Ninguém estava preparado para ficar fechado em casa e, ao longo dos últimos meses, muito se falou sobre os impactos do confinamento na vida e nas relações. Mas, afinal, a quarentena até pode ter sido positiva para os casais, segundo revelam os resultados de um inquérito realizado pela Flame Love Shop, marca portuguesa que se dedica à comercialização de artigos eróticos e produtos para a saúde sexual.
Feliz, ou mesmo muito feliz, é como classifica a relação, em termos emocionais, ao final do confinamento, mais de 90% dos inquiridos de um painel composto por 53,1% de homens e 46,9% de mulheres, em relacionamentos estáveis, entre os 21 e os 75 anos de idade. Por outro lado, no plano sexual, mais de 80% diz-se satisfeito ou muito satisfeito.
O inquérito teve como objetivo conhecer os impactos da quarentena e, segundo Irina Marques, especialista em Sexologia Educacional e diretora da Flame Love Shop, “apesar de não ser um estudo científico, dá-nos algumas das primeiras pistas sobre a vivência e a evolução das relações dos casais portugueses, num período tão extraordinário, e do qual outros estudos, certamente, nos vão indicar mais elementos essenciais à compreensão do comportamento e interação humanas”.
De acordo com os dados do inquérito, realizado online, entre maio e junho, cerca de 22,5% considera que o sexo melhorou durante o período de confinamento, mais de metade indica que se manteve em plano positivo e apenas 11,3% fala de uma evolução negativa.
Novas posições marcam confinamento
Muitos também aproveitaram o tempo para explorar e inovar na sexualidade com os companheiros: perto de 50% fez sexo 2 a 4 vezes por semana e 16,2% exploraram o prazer praticamente todos os dias; mais de 52% dos que inovaram na intimidade experimentaram novas posições sexuais ou lugares da casa e 26,5% optaram por descobrir outras sensações com a ajuda de brinquedos eróticos.
“O confinamento permitiu que os parceiros passassem mais tempo um com o outro, potenciando o diálogo e a ligação amorosa. A impossibilidade de sair para atividades exteriores também poderá ter levado a uma maior entrega e descoberta do outro”, diz Irina Marques.
Do inquérito constam ainda outros dados interessantes para a compreensão da vivência dos casais portugueses, ao longo dos meses de confinamento: 75,7% classifica de boa a muito boa a convivência com o parceiro; 43,1% considera ter existido alguma melhoria na cumplicidade do casal; 48,2% diz ter registado evolução positiva no diálogo; e 31,3% fala de um aumento nas desmonstrações de carinho entre parceiros.
No entanto, como seria de esperar, a convivência forçada em espaço limitado trouxe alguns momentos de atrito, com 24,4% a testemunhar situações de confrontação ou de discussão pelo menos uma vez por dia e 5,6% até duas ou mais vezes. Os conflitos tiveram origem sobretudo em assuntos relacionados com a casa, organização do lar e tarefas domésticas (31,3%), trabalho, teletrabalho e negócios (13,7%), dinheiro e contas (9,9%), filhos e telescola (8,4%) e relação e sexo (6,9%).
De referir que mais de metade dos que responderam a este inquérito (53,8%) esteve confinada com os parceiros e filhos, 30,6% apenas com os parceiros, 11,3% com os parceiros, filhos e outros familiares e os restantes contaram com a presença de amigos em casa.
* Texto enviado por Jorge Sousa nosso correspondente em Lisboa.
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