França exige verificação de idade da Shein para venda online de sextoys

França exige verificação de idade da Shein para venda online de sextoys

A recente decisão da justiça francesa envolvendo a Shein marca um divisor de águas para o comércio de produtos adultos no ambiente digital. Mais do que um episódio isolado, o caso evidencia uma mudança estrutural: verificação de idade não é mais uma boa prática — é um pilar de sobrevivência para empresas do setor erótico.

Ao determinar que a venda de brinquedos sexuais só poderá ocorrer mediante sistemas eficazes de controle etário, o tribunal envia um recado claro a todo o ecossistema: plataformas que tratam produtos adultos como “categoria comum” estão juridicamente vulneráveis.

O erro estratégico: tratar produto adulto como commodity

Um dos pontos centrais do caso está no modelo de marketplace. Ao permitir que terceiros comercializem produtos sensíveis sem curadoria rígida, a plataforma expôs não apenas falhas operacionais, mas desconhecimento da complexidade regulatória do mercado adulto.

Produtos eróticos não são neutros do ponto de vista legal, social ou reputacional. Exigem:

  • Curadoria ativa
  • Classificação correta
  • Barreiras claras de acesso
  • Linguagem adequada
  • Compromisso público com a proteção de menores

Quando esses elementos são ignorados, o risco deixa de ser comercial e passa a ser institucional.

A virada regulatória já começou

A decisão francesa se soma a um movimento crescente na Europa — e que já começa a ecoar em outros mercados — de responsabilização direta das plataformas, independentemente de quem vende.

O recado é direto:

Não basta retirar o produto depois do problema.
É preciso impedir que ele chegue a quem não deveria vê-lo.

Para o mercado adulto profissional, isso representa vantagem competitiva. Empresas que já operam com:

  • Verificação de idade estruturada,
  • Comunicação responsável,
  • Selos, tags ou metadados de restrição,
  • Políticas claras de compliance,

Passam a ocupar um lugar de legitimidade frente a governos, meios de pagamento, marketplaces e mídia.

Oportunidade para o setor erótico profissional

Enquanto grandes plataformas generalistas enfrentam dificuldades para se adaptar, o mercado adulto especializado tem uma oportunidade clara de reposicionamento estratégico:

  • Mostrar que produto adulto exige especialista
  • Demonstrar que autorregulação é diferencial competitivo
  • Reforçar que o setor sabe operar com responsabilidade, ética e governança

Mais do que vender prazer, o mercado adulto moderno vende confiança, segurança e maturidade institucional.

O que empresas do setor precisam fazer agora

A decisão francesa antecipa o futuro regulatório. Quem atua no mercado adulto precisa, desde já:

  • Implementar ou fortalecer sistemas de verificação de idade
  • Revisar categorias, descrições e imagens
  • Estabelecer políticas públicas de proteção a menores
  • Preparar documentação de compliance
  • Tratar regulação como parte da estratégia — não como obstáculo

Conclusão estratégica

O caso Shein não é sobre uma empresa. É sobre o fim da informalidade digital no mercado adulto.

Plataformas genéricas tendem a recuar.
Empresas especializadas tendem a crescer.

Quem entender isso agora estará à frente quando a regulação bater à porta — porque, como o caso francês deixa claro, ela já começou a bater.

Publicitária, consultora e especialista no Mercado Erótico, escritora e empresária. Atua no setor erótico brasileiro desde o ano 2000. Presidente da ABIPEA – Associação Brasileira da Indústria e Profissionais do Entretenimento Adulto, é autora de 28 livros de negócios e sobre produtos eróticos para consumidores. Entre 2010 e 2017, presidiu a ABEME – Associação Brasileira de Empresas do Mercado Erótico.Citada em mais de 100 teses universitárias e livros de sexualidade, desenvolve e projeta produtos eróticos e cosméticos sensuais para os maiores players do mercado. Criadora, em 2006, do primeiro seminário de palestras para empresários do setor, é apoiadora e presença constante nos mais importantes eventos eróticos do mundo.Idealizou o Prêmio Mercado Erótico, que desde 2016 reconhece empresas, inovações, produtos e iniciativas que impulsionam o desenvolvimento da indústria. É fundadora e coautora do portal MercadoErótico.org.

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